O Ingénuo - Cap. 20: Capítulo 20 Pág. 86 / 91

Ele confirmava esse sentimento com palavras que pareciam ressuscitar a bela St. Yves. Ela sentia-se consolada, e espantava-se de ser ainda amada. O velho Gordon a teria condenado no tempo em que era apenas jansenista; mas, tendo-se tornado sábio, estimava-a e só fazia chorar.

Em meio de tantas lágrimas e temores, enquanto o perigo daquele querido ente enchia todos os corações, quando era tudo consternação, anunciam um correio da Corte. Um correio! E de quem? E por que? Era da parte do confessor do rei para o prior da Montanha. Quem escrevia não era o padre de La Chaise, mas o irmão Vadbled, seu criado de quarto, homem muito importante naquela época: era ele quem comunicava aos arcebispos as decisões de Sua Reverendíssima, ele quem dava audiência, quem prometia benefícios, quem expedia às vezes as cartas-de-prego. Escrevia ele ao prior da Montanha que Sua Reverendíssima se achava informado das aventuras de seu sobrinho, o hurão, que a prisão deste último fora apenas um engano, que essas pequenas desgraças sucediam frequentemente, que não se devia dar maior importância a tal coisa e que, enfim, concedia que ele, prior, lhe viesse apresentar o referido sobrinho no dia seguinte, que também devia trazer consigo esse Gordon, que ele, irmão Vadbled apresentaria a Sua Reverendíssima e a Monsenhor de Louvois, o qual lhes diria uma palavra na sua antecâmara.

Acrescentava que a história do Ingénuo e do seu combate com os ingleses havia sido referida ao rei, o qual certamente se dignaria notá-lo quando passasse pela galeria, e talvez até lhe fizesse um aceno de cabeça.





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