Então cem vozes confusas exclamam:
- Não vês os ingleses que abordam?
- Bem - disse o Ingénuo, - são boa gente; nunca pensaram em fazer-me subdiácono, nem me roubaram a noiva.
O comandante deu-lhe a entender que os ingleses vinham pilhar a abadia da Montanha, beber o vinho de seu tio e talvez raptar a senhorita de St. Yves; que o pequeno barco em que ele, Ingénuo, aportara na Bretanha, viera apenas para fazer um reconhecimento; que os ingleses praticavam atos de hostilidade sem haver declarado guerra ao rei de França, e que a província se achava exposta.
- Ah! Se é assim, eles violam a lei natural; deixem a coisa comigo; morei muito tempo com os ingleses, conheço-lhes a língua e vou falar com eles; não creio que possam ter tão más intenções.
Durante essa conversação, a esquadra inglesa aproximava-se; o nosso hurão toma um barco, vai a seu encontro, sobe à nau capitania, e pergunta se era verdade que eles vinham assolar o país sem uma honesta declaração de guerra. O almirante e toda a sua gente puseram-se a rir, serviram-lhe ponche e mandaram-no de volta.
O Ingénuo, espicaçado, só pensou em bater-se às direitas contra os seus velhos amigos, por seus compatriotas e pelo senhor prior. Os gentis-homens da vizinhança acorriam de toda parte; o Ingénuo junta-se a eles; dispunham de alguns canhões; ele os carrega, os aponta, os dispara um após outro. Os ingleses desembarcam; o Ingénuo os acomete, mata uns três e fere o almirante que zombara dele.