Trovander pareceu muito bonito a todos os convivas.
O prior, que tinha na biblioteca uma gramática da língua huronesa, que lhe dera de presente o reverendo padre Sérgard-Théodat, recoleto e famoso missionário, retirou-se da mesa um momento, para ir consultá-la. Voltou arquejante de enternecimento e alegria. Reconheceu o Ingénuo como um verdadeiro hurão. Discutiram um pouco sobre a multiplicidade das línguas e chegaram à conclusão de que, se não fora a aventura da torre de Babel, a terra inteira estaria falando francês.
O interrogador bailio, que até então desconfiara um pouco do personagem, começou a considerá-lo com profundo respeito; falou-lhe com mais civilidade que antes, coisa de que o Ingénuo não se apercebeu.
A senhorita de St. Yves estava muito curiosa por saber como se amava na terra dos hurões.
- Praticando belas ações - respondeu ele - para agradar às pessoas que se parecem com a senhorita.
Todos os convivas aplaudiram com admiração. A senhorita de St. Yves enrubesceu, e sentiu-se muito bem. A senhorita de Kerkabon igualmente enrubesceu, mas não se sentiu tão bem, um pouco melindrada de que a galanteria não se dirigisse a ela, mas tinha tão bom coração que isso em nada diminuiu o seu afeto pelo visitante. Perguntou-lhe amavelmente quantas namoradas tivera ele na Hurônia.
- Só tive uma - respondeu o Ingénuo. - Era Abacaba, a boa amiga de minha querida ama; os juncos não eram mais retos, o arminho mais branco, as ovelhas menos macias, as águias menos altivas, e nem os cervos mais rápidos do que Abacaba.