Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: CAPÍTULO XI

Página 106
a turba, muitas raparigas a rirem dos atores vestidos de mulheres, e uns rapazes com chalaças de uma graça aparvalhada, muito local, a que os do palco respondiam à letra com manguitos, e os que faziam de mulheres batiam palmadas no traseiro, voltando-o para o público. Cães ladravam às figuras; os rapazes davam-lhes pauladas e eles ganiam. As velhas mandavam calar o gentio para poderem perceber as faias: - canalha brava, calai-vos aí! - uma balbúrdia que parecia um teatro de cidade de primeira ordem. O tio Gonçalves, o dono da eira, dizia que estavam todos bêbedos, e voltava-se para o desconhecido, como a pedir desculpa.

- É entrudo - dizia - é entrudo, senhor!

Quando apareceu o padre na cancela da eira, houve silêncio com algumas fungadelas de riso das cachopas, e recomeçou a comédia em obséquio ao abade e à arte ultrajada pela hilaridade bruta da plateia. Notaram alguns velhos sisudos que o forasteiro das grandes barbas se mantivera muito sério durante a troça da canalha. Assim o dizia o Gonçalves ao abade, perguntando-lhe se conhecia aquele senhor.

- Não conheço - e acotovelava o nunes, segredando-lhe com o disfarce:

- Você adivinhou. É ele.

- Que me diz, abade?

- É ele.

O veríssimo dera três passos para acender um cigarro no de um músico que estava sentado num bombo.

- E ele! - repetiu o abade. - você não o viu coxear?

- Fale baixo, fale baixo, e não olhe muito para ele, que eu já o vi deitar-nos os olhos - acautelou o nunes.

- Também eu...

Estalou neste momento uma gargalhada geral. Veríssimo também se riu, e deu palmas.

- Olha! Olha! A dar palmas! - notou o abade com transporte. Aquilo sensibilizou-o até às lágrimas! O Sr. D. Miguel I a dar palmas às figuras do médico fingido, na eira do Gonçalves, em são Gens de calvos! Tocante!

A risada geral, as palmas e os apupos não eram figorosamente uma ovação ao autor do entremez nem aos curiosos.

<< Página Anterior

pág. 106 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 106

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196