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Capítulo 2: CAPÍTULO I

Página 12

Passado tempo, marta saiu pronta da mestra. Lia a cartilha do Salamondi e o grito das almas, decifrava menos mal uma sentenças velhas, que havia na casa de Prazins, monumentos das ruínas de antigas demandas, e escrevia regularmente. A primeira carta que escreveu por pauta foi para o tio de Pernambuco, o tio Feliciano. Pedia-lhe a sua bênção e duas moedas de ouro para umas arrecadas. Era o pai que lhe ditava a carta, cheia de lástimas mendigas, mentirosas, historietas velhacas de penhoras, as grandes décimas, a ferrugem das oliveiras, o bicho da batata, o gorgulho que pegara no milho, muitas alicantinas.

- Que era a ver se o ladrão mandava alguma coisa - dizia ele, pondo cuspo na obreia vermelha para fechar a carta.

A segunda carta que ela escreveu, já sem pauta, foi a José dias, ao estudante, que já não estudava por causa das memórias nocivas à sua saúde fraca, um pelém.

Neste tempo já o Zeferino da lamela se tinha declarado com o Simeão de Prazins, de um modo quase original.

- Você quanto deve, ó tio Simeão? - perguntou.

- Quanto devo? Você quer pagar-me as dívidas?

- Pode ser. Você deve à irmandade da nossa senhora de Negrelos um conto e cem mil-réis; você deve de tornas ao seu irmão quatrocentos. Há de andar lá para um conto e quinhentos, para riba que não para baixo.

- É isso; você sabe a minha vida melhor que eu a sua - um conto e quinhentos e pico.

- Quanto é o pico?

- Obra de dez moedas, mais pinto menos pinto. Miudezas na loja ao mercador e um restrito da vaca amarela que comprei ao tarraxa na feira dos 13.

- Você quer fazer um cambalacho? - disse o pedreiro recuando o chapéu para a nuca e pondo-lhe as mãos espalmadas com força nos ombros.

- Se pintar... Já sei o que você quer... Não me serve.

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Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 12

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196