Habituara-se ao sofrimento; já não tinha memória das perfeitas delícias da saúde. Quando expetorava sem violência, e a dispneia cedia aos xaropes e ao pez de borgonha, julgava-se numa quase-completa restauração. Escrevia ao Osório e a marta com muita alegria e devotos agradecimentos a deus e a maria santíssima, com quem se apegara fervorosamente desde que padecia, e também com o óleo de fígado de bacalhau.
A repugnância de marta, face a face do tio Feliciano, seria um afrontoso desengano para o milionário, se não interviesse o implacável e engenhoso ciúme de Zeferino. Este chefe de guerrilha em armistício soube que o brasileiro queria casar com a sobrinha e que o José dias estava em braga muito acabado, a dar à casca. O pedreiro chamou os bravos da sua jolda e fez - lhes saber que o brasileiro de Prazins pedira para Famalicão um regimento da divisão do antas para deitar cerco às casas dos realistas, e sujeitara-se a sustentar o regimento à sua custa. Resolveram atacar o Feliciano, prendê-lo como cabralista, e fazê-lo pôr à má cara o dinheiro que havia de dar à tropa. Um dos da malta, vizinho do brasileiro, o metro, tinha-o convidado para padrinho de um filho. Procurou-o às escondidas e avisou-o que se escondesse. Feliciano fugiu para o porto a toda a pressa. Queria que a sobrinha também fosse. Escrevia-lhe que, se quisesse ir, compraria casa no porto. Marta respondia que estava muito doente, que não podia sair da cama. O pai chegava a descompô-la: - que não tinha moléstia nenhuma, que era por causa do zé dias; mas que perdesse dai a ideia porque estivera com o Dr. Pedrosa, de santo tirso, que o vira em braga, e lhe dissera que o dias estava ethego e mais mês menos mês esticava a canela.
Marta respondia com serenidade de alma forte, e escorada numa resolução suicida:
- Se não casar com ele neste mundo, casarei no outro.