Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 16: CAPÍTULO XV

Página 146

A respeito deste desastroso remate do ébrio ilustre, escreve pinho leal: nesta retirada pelas duas ou três horas da noite, morreu em marcha com uma apoplexia fulminante o f...(*) coitado! Quando me lembra isto ainda tenho cá meus remorsos de consciência. Quem sabe se seria eu a causa da morte daquele pobre diabo? Consola-me porém a certeza de que, mesmo que eu fosse a causa indireta da morte do fidalgote, poupei muitas vidas de gente nova (e a minha que era o principal para mim); e o morto já poucos anos podia durar, pois estava no calçado velho.

[(*)Quando pinho leal publicar as suas memórias, então se saberá o verdadeiro nome do morto.]

Zeferino e alguns homens da comitiva do Cerveira passaram o restante da noite à beira do cadáver do fidalgo de quadros. À claridade fusca da manhã invernosa viram-lhe o rosto que metia pavor. Quiseram cerrar-lhe as pálpebras que resistiam à distensão, coriáceas, num retesamento orgástico. A maxila inferior parecia deslocada e torta, repuxando a comissura direita dos lábios num esgar de escárnio ou de angústia dilacerante. A cor do rosto era agora de uma amarelidão de barro, molhado pelo orvalho que se filtrara através do lenço com que lho cobriram. Tinha os dedos aduncos, inflexíveis, e uma das mãos afincada como garra nas correias da pasta.

O Zeferino disse que o seu tenente-coronel devia trazer um cinturão com dinheiro em ouro; mas ninguém ousou desabotoar a farda do morto defendido pelo sagrado terror da morte.

Apenas uma das sentinelas entanguidas de frio, votou que se bebesse o resto da genebra. Assim que foi dia claro, o Zeferino desceu à igreja próxima, a Margaride, avisar o pároco que tinha morrido na estrada um fidalgo do exército do Sr. D. Miguel. O padre, estremunhado e liberal, respondeu que não era coveiro; que se dirigisse ao regedor.

<< Página Anterior

pág. 146 (Capítulo 16)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 146

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196