A autoridade, sem as delongas dos processos legais, depositou o cinturão com as peças na mão do administrador, e mandou abrir uma cova no adro da igreja, onde o baldearam com um responso económico. Passavam jornaleiros para as roças. Punham as enxadas no chão e encostavam às mãos calosas as caras contemplativas. O regedor contava que lhe acharam mais de um conto de réis em ouro.
- Toma! - disse um dos jornaleiros - um conto de réis! - e inclinando-se à orelha de outro jornaleiro: - Ó Tónio, se temos ido mais cedo para o monte... E topámos o morto...
- Que pechincha!...
Restos de virtudes antigas. Estavam a fazer um idílio em prosa.
O Zeferino acompanhou a guerrilha até que mataram o general em Trás-os-Montes os soldados do vinhais; depois passou com alguns chefes realistas para a junta do porto; e, acabada a luta, foi para casa e entregou a espada ao pai, que o recebeu com estas carícias:
- Eu sempre te disse que eras uma carruagem! Que te não fiasses no bêbedo de quadros; que não saísses a campo sem lá ver o morgado de barrimau. Agora, pedaço-de-asno, torna a começar com as paredes, e tem cuidado que te não deitem a unha. Lembra-te que prendeste o regedor de Vilalva, e quiseste agarrar o brasileiro de Prazins que tem agora demais a mais o irmão regedor. Olha se te lembras... A mãe do José dias anda por aí a berrar que a marta e mais tu mataste-lhe o filho. Lume no olho, homem, lume no olho!
- Se alguém embarrar por mim, dou-lhe cabo da casta! - protestava o pedreiro, cortando com o braço e punho fechado punhadas aéreas. - se me matarem... Até lho agradeço! - e com desalento: - sou o maior infeliz e desgraçado que cobre a rosa do sol! Veja você: há três anos que não tenho uma migalha de estifação, com um raio de