diabos! Isto acaba mal, digo-lho eu! Você verá, sor pai, que ou me matam ou eu acabo numa forca para amor daquela rapariga que foi o diabo que me apareceu, e não me passa daqui! - e apertava o gorgomilo nodoso entre dois dedos como quem apanha uma pulga.
Os administradores de concelho receberam ordem de recolherem as espingardas reiunas que se encontrassem nas aldeias, em poder do povo. Para as cabeças dos distritos ramificaram-se destacamentos a fim de coadjuvarem a autoridade. Simeão de Prazins, como regedor, foi chamado a Famalicão e incumbido de dirigir a diligência militar que devia dar um assalto a lamelas, a casa do Zeferino, onde se tinham denunciado as espingardas com que alguns miguelistas se tinham recolhido, contra as condições estipuladas no protocolo de gramido. O regedor compreendeu o perigo da empresa; pediu que o demitissem; mas a autoridade impôs-lhe com azedume o cumprimento dos seus deveres, e negou-lhe a demissão.
Quando o Zeferino, sucumbido à carga dos reveses, indiferente à vida e à morte, se chamava infeliz e desgraçado, o destino implacável preparava-lhe novo desastre. Ele, ao romper da manhã, depois de uma insónia febril, sonhava que era sargento-mor das lamelas e assistia à formatura do regimento de milícias de Barcelos debaixo do solar de D. Maria pinheiro. Na janela gótica do velho edifício da época de D. Afonso IV estava D. Miguel I assistindo ao desfilar do seu exército vencedor, em que havia muitas músicas marciais, de fulgurantes trompas, tocando o rei - chegou; e o abade de calvos, dentro de um carroção e vestido de pontifical, borrifava o povo com hissopadas de água benta, cantando o bendito. As tropas estendiam-se até Barcelinhos, e pelo Cávado abaixo velejavam muitos barquinhos embandeirados de galhardetes com as bandas musicais de santiago de antas de Ruivães tocando a cana-verde e Agua leva o regadinho.