Acharam-no prostrado, de costas, arquejando, com a cara empastada de sangue que borbotava empoçando-se dos dois lados da cabeça. A égua rilhava entre os dentes e o freio umas vergônteas tenras de tojo, e de vez em quando tossia a sua pulmoeira com os ilhais enfolipados. O futrica, um ferrador da terra negra, examinou a cabeça do ferido, e disse que tinha o miolo à vista; não podia durar muito, que lhe dessem a santa unção. Pediu-se uma padiola ao lavrador mais próximo e levaram-no para Prazins prometendo duas de doze a dois jornaleiros. O caseiro montou a égua para ir a santo tirso chamar o batista, o cirurgião da casa; mas a burra, estranhando as esporas dos tamancos, levantou-se com o cavaleiro, deixou-se cair sobre os jarretes traseiros, voltou-se de lado como quem se ajeita para dormir: foi necessário levantá-la. O povo dava risadas estridentes quando o caseiro puxava debaixo do ventre da égua a perna entalada, muito cabeluda; e ali perto estava a padiola com um velho gemente, agonizante, a pedir a confissão.
Assim que a padiola entrou em Prazins, foi aviso à marta que o pai estava a morrer com pancadas que lhe deram os ladrões de estrada. D. Teresa e o prior acompanharam-na. Quando chegaram, saía o pároco de o confessar e tocava o sino ao viático. Havia uma agitação de angustiosa curiosidade no povo que confluía à igreja chamado pelo sinal. Dizia-se que eram ladrões que saíram ao lavrador em santiago de antas; havia opiniões mais individualistas: segredava-se o nome do pedreiro; um pastor de cabras dizia que vira passar de madrugada para as lamelas o patarro de monte Córdova e mais outro mal-encarado; mas todos à uma diziam que não tinham visto nada, nem queriam saber de desgraças, com medo à malta do Zeferino.
O Simeão