Explicava o padre às mulheres o que era a corja dos demónios íncubos. Contava casos de algumas que ficaram grávidas desses devassos, e dizia em latim que tais demónios fecundos podiam, mesmo contra a vontade da mulher, rem habere cum illa. E as mulheres, sem pôr mais na carta, farejavam o latim e murmuravam indignadas: - t'arrenego! Catixa! Cruzes, canhoto! - e benziam-se, cuspinhando nos calcanhares umas das outras.
Frei João de Borba da montanha, conquanto não frequentasse o púlpito, era o vulto mais proeminente da missão. Saíra já velho do varatojo, peito fraco, um pigarro crónico de catarro pituitoso, com poucos dentes, por onde as palavras lhe saíam assobiadas que nem melro nos sinceirais de Julho. Por isso o confessionário era a sua faina de prospérrimas colheitas para o céu, e os exorcismos a sua famosa glória cheia de triunfos sobre todas as esquadras dos demónios conhecidos do seu companheiro padre azenha. Eram ambos, de mãos dadas, o terror do inferno; um a explorar diabos no planeta, o outro a enxotá-los. À omnipotência deste varatojano é que o vigário de Caldelas confiara a redução da mãe de José dias.
Este egresso tinha feito à sua custa a terceira edição do pecador convertido ao caminho da verdade, obra do seu conventual varatojano frei Manuel de deus. Vendia o livro por 720, meia encadernação. Chamava-lhe ele o seu balde de tirar almas do profundo poço do enxofre infernal. Todas as beatas se consideravam mais ou menos empoçadas, e por 720 metiam-se no balde de frei João. Barato.
Foi este o missionário escolhido por Simeão, de harmonia com o genro. Marta lembrava-se que o seu José dias lhe falara nele com muita esperança em que desfizesse os obstáculos do casamento. Quis confessar-se ao varatojano. E revelou para esse acto uma expectativa seráfica, grande deliberação ansiosa, um sobressalto jubiloso em que parecia influir a cooperação sobrenatural do querido morto.