Esta situação prometia acabar pela fuga prudente do pai de marta, se o estudante de Vilalva não assomasse ao fundo do castanhal com uma matilha de coelheiros que ladravam a um porco muito eriçado, que os esperava com o focinho de esguelha, bufando e grunhindo. O caçador chamava os cães, assobiava, fazia uma bulha convencional para que a marta o ouvisse.
Ele não tinha visto o pedreiro; os cães é que o viram e deixaram o porco destemido para atacarem o homem, com uma velha birra que lhe tinham. O Zeferino, noutra ocasião, segundo o seu costume, desprezaria a arremetida da matilha; mas, naquela conjuntura de ódio ao caçador, esperou a canzoada com o machado em riste, empunhava o cabo com as mãos cabeludas, e fazia, com o corpo inclinado, avanços provocadores. José dias chamava os cães obedientes; mas o Zeferino, muito azedo, engelhando na cara uns trejeitos de bazófia, dizia sarcástico:
- Deixe-os vir, deixe-os vir, que o primeiro que chegar faço-lhe saltar os miolos à sua cara.
Que se acomodasse, conciliava pacificamente o estudante - que os cães não tinham outra fala. E o pedreiro insistente, muito arrogante: - que venham para cá, e mais o dono, o caçador de borra! - e dizia palavradas canalhas, muito danado porque vira aparecer a marta na varanda, a fazer meia com a cesta do novelo no braço.
- Ó Sr. Zeferino, fale bem, ponha cobro na língua advertiu o José dias, com uma serenidade de mau agoiro - quando eu lhe ladrar então se fará com o machado para mim. Os cães ladraram-lhe; eu chamei-os, que mais quer você, homem? Siga o seu caminho.
- O meu caminho? O meu caminho é este - disse batendo com o machado na terra. - quer você mandar-me embora daqui? Ora não seja tolo.
A presença da rapariga enfurecia-o; contra o seu costume, sentia-se valente.