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Capítulo 22: CONCLUSÃO

Página 199
vendeu a sua parte, ao desbarato, ao brasileiro Prazins; e o morgado, vendido o seu património desvinculado, e mais o irmão, vergonhosamente casados, esfarrapam hoje o resto da torpe existência na tavolagem das tavernas. As filhas salvaram-se do naufrágio agarradas às pranchas dos seus dotes. Arranjaram facilmente maridos que desempenharam os seus casais e as sovavam de pontapés injustos e extemporâneos, quando se lembravam dos engenheiros do conde de Clarange Lucote.

A brasileira de Prazins tem hoje cinquenta e três anos. Os seus vizinhos que contam trinta anos, nunca a viram, porque ela, desde que, em 1848, morreu D. Teresa, nunca mais saiu do seu quarto. Já ninguém a vai escutar; mas repete as mesmas palavras do seu amor de há quarenta anos, pede que lhe levem flores, tem as mesmas alucinações, e - o que mais é - ainda tem lágrimas, quando, nos intervalos dos delírios, entra na angustiosa convicção de que José dias é morto. O padre Osório ainda a procura nesses períodos de razão bruxuleante e fala-lhe da irmã por sentir a inefável amargura doce de se ver acompanhado nas lágrimas. Mas o padre diz que nunca pudera ver nitidamente a linha divisória entre a razão e a insânia de marta. Depois do delírio, sobrevém a monomania hipocondríaca. A alma continua a dormir sem sonhar, sem as alucinações. Nessa segunda crise de torpor, ele e só ele é admitido ao seu quarto, depois de esperar que desça da cama ou se embrulhe num xaile para encobrir a sordidez do corpete dos vestidos. Este xaile é uma cintila resistente de instinto feminil que raras vezes se apaga no comum das dementes, exceto no maior número das histéricas com erotismo.

Marta tem duas filhas casadas e já mães. Às temporadas, vestem serenamente os seus trajes domingueiros e vão para casa dos pais, onde continuam na sáfara dos campos a sua lida de solteiras.

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pág. 199 (Capítulo 22)

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Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 199

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196