Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: CAPÍTULO III

Página 23
Mas as cartas quem lhas redigia era o mano frade, recheando-as de trechos de política de púlpito - resultado das suas digestões morosas, contemplativas - que serviram de ornamento nas colunas do Portugal velho!, periódico miguelista da época festejava dispendiosamente os natalícios do rei, naquele ano, por meado de 1845, espalhara-se no ambiente dos realistas, como um aroma de jardins floridos, o boato de que vinha o Sr. D. Miguel. O seu enorme partido sentia-se palpitar no anseio daqueles vagos anelos que estremeciam as nações pagãs ao avizinhar-se o profetizado aparecimento do messias. Afirmam-no os santos padres, e os padres do Minho asseveravam o mesmo a respeito do príncipe proscrito. Frei Gervásio recebia do alto da província cartas misteriosas de uns padres que paroquiavam na póvoa de Lanhoso e vieira. Era ali o foco latente do apostolado. Naqueles estábulos de ignorância supersticiosa é que devia aparecer, pelos modos, o presépio do novo redentor. Citavam-se profecias apocalípticas de frades que estavam inteiros sob as lajes das claustras. Convergiam àquele ponto missionários de aspetos seráficos, olhando para as estrelas como os magos e os pastores da palestina. O frade mostrava as cartas ao irmão e dizia - lhe: “ele há coisa...”

- Mas muito grande! - corroborava o major com cabeçadas afirmativas muito exageradas.

- A Rússia move-se, é o que é - afirmou frei Gervásio, correlacionando a iniciativa de Lanhoso com a propaganda autocrática da Rússia.

Num destes diálogos, em que havia desabafos, exuberâncias de júbilo, interveio o Zeferino das lamelas, o pedreiro afilhado do major. Vinha contar o caso do Simeão de Prazins e a pega que teve com os cães do dias de Vilalva. Mostrava a calça remendada - que por pouco lhe não entravam no couro os cães - dizia, e protestava vingar-se.

<< Página Anterior

pág. 23 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 23

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196