À entrada da ponte de pau havia taverna, com as prateleiras alinhadas de garrafas da companhia, com rótulos.
A multidão parou, avistando gente armada que descia a calçada de além, ao nível da quinta do mosteiro de S. Bento. O taverneiro, muito caloteado dessa vez, diz ao comandante, ao Gaspar, que não caísse em se meter à ponte.
- Vocês vão cair aí nessa ponte como tordos, e os que não caírem têm de largar os socos a fugir - avisava, porque sabia que os de lá eram tesos, e vinham todos armados.
O cabecilha tinha o seu vinho quase digerido; a bravura começava a ceder às reflexões sensatas do taverneiro; mas o seu estado-maior, uns facínoras da quadrilha que três anos antes infestara as encruzilhadas da terra negra e travagem, não transigiam, e forçavam-no a beber copos de aguardente. - que o primeiro que mostrasse os calcanhares ia malhar da ponte abaixo! - protestavam os velhos salteadores do Minho, batendo com as coronhas no balcão.
Entretanto, o administrador do concelho com dois empregados inermes atravessava a ponte. A guerrilha, estupefacta da audácia, esperava-o numa atitude pacífica, estúpida, um retraimento de covardia, olhando-se uns para os outros e todos para o alferes. Ele, empurrado pelos valentes, colocou-se à frente, na boca da ponte, com a espada nua. O administrador chegou muito de passo e perguntou se estava ali o Sr. Morgado de barrimau, que desejava falar-lhe. Que não estava. - eu sou o chefe - disse o Gaspar.
- Logo me pareceu que um homem sério, como o morgado, não estaria à frente deste bom povo enganado - ponderou a autoridade. - e vossemecê quem é? - perguntou ao chefe.
Que era o alferes das lamelas, bem conhecido em toda a parte; que perguntasse aos malhados de santo tirso, a esse ladrões que o perseguiram e lhe roubaram os seus bens.