Contava com a debandada pela ladeira das matas, e prometia, lá do alto, escorraçá-los de modo que eles se espetassem entre dois fogos. Os seus vinte homens eram soldados com baixa, guardas do tabaco, e sócios aposentados das quadrilhas de 1834 - um misto de políticos, de ladrões e mártires das enxovias.
Os quatro facínoras da horda do alferes, quando viram a marcha firme e solene dos de santo tirso - é agora, rapazes! - exclamaram, desfechando as espingardas. Os populares que as tinham, descarregaram as suas, e avançaram, ponte dentro, numa arremetida impetuosamente esbandalhada, de rodilhão. Uma das balas prostrara um arneiro da primeira fila dos liberais; havia mais alguns feridos que se amparavam gementes as guardas da ponte. O bravo do Mindelo viu cair morto o seu homem, e, contendo a fúria das fileiras numa disciplina rigorosa, deu a voz da descarga à primeira, e mandou abrir passagem à imediata, que sustentava o fogo enquanto a outra carregava as armas.
Os pelouros cortavam fundo pelas carnes da populaça. Viam-se homens que fugiam a coxearem, atiravam-se às ribanceiras, escabujando em arrancos de morte. Os que não tinham espingardas e ainda os que as tinham sem cartuchame pegavam dos tamancos e galgavam socalcos, buscando o refúgio dos pinhais e carvalheiras.
O alferes sentiu um choque duro de coisa que lhe contundia as costas e lhe apertava o pescoço. Era o retrinca de santiago de antas, o mais feroz da sua malta, que se amparava nele, quando caía varado por um pelouro. Este espetáculo trivial não aterrava o soldado de ponte ferreira, das antas e da Asseiceira; mas dava-lhe as antigas pernas que o serviram nessas gloriosas batalhas. Tinha cinquenta anos, e fugia ganhando a dianteira aos garotos do seu bando destroçado.