Repugnava-lhe o ébrio e professava uma sincera compaixão pelo homem.
Pouco depois do sol nado, o capelão de D. Andresa estava em quadros com um grande interesse. Queda salvar o vizinho de uma ratoeira armada ao seu dinheiro, ou convencer-se de que realmente o príncipe proscrito estava no concelho da póvoa de Lanhoso.
Chegara um pouco tarde. O Cerveira lobo já tinha matado o bicho copiosamente, um bicho muito antigo, invulnerável, que não se afogava em pouca genebra.
- Não há dúvida, padre rocha! Cá está o homem! - exclamou o fidalgo.
- Mau! - disse consigo o padre, quando lhe apanhou em cheio as inalações alcoólicas do bafo. - então é certo, Sr. Tenente-coronel?
- Se me quer chamar o que eu sou, amigo padre rocha, chame-me general e conde. Veja.
- Oh! Sim? Muitos parabéns, senhor conde, muitos parabéns! Quanto folgo! - e lia o sobrescrito.
- Pode abrir e leia alto!
- Muito boa forma de letra, sim senhor... É do próprio punho do Sr. D. Miguel?
- Leia e verá. É dele mesmo. Conheço a assinatura muito bem. Tal qual, sem tirar nem pôr. Vai um copito? - perguntava com a botija inclinada sobre o cálice.
- Muito obrigado a v. Exa tenho de dizer a missa à Sra. D. Andresa às dez horas.
- Leia lá então. Olhe que o nosso homem estudou. Explica-se muito sofrivelmente. Veja o padre que espiga se eu lhe mando uma carta escrita para aí à-toa, fiem? Bem diz a nação que ele andava a estudar lá por fora.
- Se dá licença, leio - interrompeu o padre com impaciência curiosa.
- Vá lá! - e puxou a cadeira e a botija para junto do capelão.
Velho, honrado e leal amigo, vasco da Cerveira lobo, conde de quadros e general dos meus exércitos. Eu el-rei vos envio muito saudar. Não podeis imaginar o grande prazer que senti quando ouvi o vosso nome e o li escrito no final da vossa mais que todas preciosíssima carta.