O rocha também admirava, e de si consigo dizia que o rei tinha bom palavreado sentimental, ou que o impostor não era qualquer pedaço-de-asno. Continuou:
Vou responder com repugnância e tristeza às últimas linhas da vossa carta em que me ofereceis liberalmente recursos. Eu vivo há doze anos dos benefícios dos meus vassalos: seria loucura fingir que não preciso que mos prestem hoje. A demora que tem havido no meu aparecimento aos meus amigos e partidários não ma explicam, mas suponho que é falta de dinheiro. Sei que a minha irmã, a Sra. Infanta D. Isabel maria, deu cinquenta contos para começar o movimento, e esse dinheiro está em poder de um Dr. Cândido rodrigues Alvares de figueiredo e lima, lente de Coimbra. Mas o que são cinquenta contos para sustentar uma insurreição em que há de haver necessidade de sustentar, de vestir e de armar cem mil homens! Vós, meu, honrado amigo, que sois militar, compreendeis que nada se pode fazer sem que os poderosos, os opulentos, cooperem com a minha boa mana a Sra. D. Isabel maria.
Dizem-me que tenho amigos muito ricos que hão de aparecer a tempo; mas eu necessito de preparar a ocasião em que eles prometem aparecer. A primeira voz tenho a certeza de levantar 12000 homens num pequeno círculo de léguas; mas não me atrevo a fazê-lo, a tentá-lo, sem me ver bastante provido de recursos, para não recear o pior dos inimigos que é a necessidade. Portanto, muito amado conde, meu valoroso general, aceito o vosso empréstimo; e tomarei da vossa fortuna três contos de réis, que vos recompensarei com o menos, que é o dinheiro, e com o mais, que é a minha eterna gratidão.
Deus nosso senhor vos tenha na sua santa guarda.
De são Gens de calvos, aos 12 de maio de 1845.
Miguel, rei.
Esta carta não confirmou nem removeu as suspeitas do padre rocha.