- Seria bom evitar a perda ao tenente-coronel e o opróbrio ao partido legitimista - alvitrou o paleógrafo.
- Eu não o podia fazer sem a certeza de não praticar alguma imprudência. Por isso vim consultar o reverendo luís de sousa. E daqui irei para braga entender-me com o governador civil.
- Faz bem. Não lho aconselharia, se pudéssemos dar remédio mais suave à doença desse miserável impostor, de quem eu sei mais algumas traficâncias. Constou-me há poucas horas, que umas beatas de braga, abastadas, e de apelido botelhas, tinham enviado uma importante quantia, por intermédio de um certo abade, a um D. Miguel que está escondido em Portugal. Eu podia dar aviso desta ladroeira; mas tenho compaixão do abade: não sei se ele é ladrão ou tolo. A segunda hipótese é que o salva de ser processado. Portanto, amigo padre rocha, faz um bom serviço à humanidade e ao partido, solicitando o castigo desse homem que conspurca o nome de el-rei e a honra do partido. Agora, visto que veio, vou dizer-lhe o que há. Saraiva trata de contrair um empréstimo e de negociar generais, que infelizmente precisamos. O póvoas está decrépito e quase morto para a nossa fé desde souto redondo. As patentes superiores, pela maior parte, estão em pessoas que regulam pela inteligência do seu amigo tenente-coronel de quadros. Há por aí outros que aprenderam a tática da covardia desde o cerco do porto. Mal podemos contar com eles, quando os vemos intervir nas fações dos liberais a fim de abrirem brecha na mesa do orçamento com as espadas postas em almoeda. No ano próximo futuro, o partido legitimista deve dar sinais de vida; se esses sinais hão de ser como os do cadáver galvanizado que se convulsiona e recai na sua podridão, isso não sei. O Sr. D. Miguel tem de vir a londres; e quando lhe constar, padre rocha, que el-rei está em Inglaterra, prepare-se com a sua energia para nos dar o muito que esperamos da sua influência e do seu afeto à legitimidade.