Águeda, viúva de um major de milícias que morrera no ataque ao forte das antas. O convencionado. Naquela estreiteza de meios, quis voltar à fileira; mas o pai negou-lhe a licença, arguindo-lhe a baixeza de sentimentos, em querer servir o usurpador, e citava-lhe as cortes de lamego. O veríssimo, argumentando contra estas cortes, alegava que antes queria encontrar na casa do seu pai, em vez das velhas instituições de lamego, os modernos presuntos da mesma cidade.
O Norberto gabava-se de que na sua geração, camelo liberal não havia um só, e que a sua maldição pesaria como chumbo derretido sobre a cabeça do filho que perjurasse a bandeira do trono e do altar.
A tia Águeda, a viúva do major, tinha pouco. Desde 1828 até 1833 gastara seis mil cruzados em festejar os natalícios e as vitórias do Sr. D. Miguel com banquetes e iluminações que duravam três noites, num delírio de bombas reais e foguetes de lágrimas, com adega franca. Mandava cantar te-deum na igreja de Alvações assim que no país vinhateiro soava a notícia de alguma vitória do exército fiel. Ora, os realistas, a contar por cada te-deum de Alvações. Entravam no porto às quinzenas para saírem por uma barreira e voltarem logo pela outra. D. Águeda começava a desconfiar que o deus de Afonso Henriques voltara a casaca.
Restava-lhe pouco; mas não queria que o veríssimo se fizesse malhado. Sacrificou-se à honra da família, levou-o para casa, deu-lhe mesa farta, e consentiu que o vadio se mantivesse regaladamente, de papo acima, tocando flauta, a trasfegar em si o resto da garrafeira. Aconselharam-na que ordenasse o sobrinho, visto que ele já tinha exames de latim e lógica. O veríssimo disse que sim, que queria ser padre. Tinha-se esclarecido nos encargos do ofício, observando a vida sossegada e farta dos párocos.