Um seu parente, o abade de Lobrigos, tinha liteira, parelha de machos, matilha de cães e hóspedes na sua residência episcopal. Outros, com menos rendas, eram ainda invejáveis; um viver espapaçado em doce moleza, inofensiva, com grande estupidez irresponsável, um regalado epicurismo. Veríssimo achou que, se não pudesse ser bom padre, havia de pertencer à maioria; e, se desse escândalo, um de mais ou de menos não perturbaria a ordem das coisas. Os seus amigos e parentes abundavam no dilema.
D. Águeda fazia concessões à fragilidade do clero; - que o seu sexto avô também fora bispo e pai da sua quinta avó, por camelos. O parente abade de Lobrigos, em confirmação das preclaras linhagens de coitos sacrílegos, afirmava que a sereníssima casa de bragança descendia de padres pelo pai de D. Nuno alvares pereira, que era prior do crato, e pelo avô, o padre Gonçalo, que fora arcebispo de braga; e que os condes de Vimioso e atalaia, e todos os Noronha, oriundos de certo arcebispo muito devasso de lisboa, e muitas outras famílias da corte descendiam de prelados. Estas genealogias orientavam o veríssimo no futuro do sacerdócio. Queria ser abade, ressalvando tacitamente certas condições a respeito dos rebanhos e particularmente das ovelhas.
Em Outubro de 1835 foi para braga. Tinha trinta anos: sentia o cérebro moroso na digestão da teologia, andava enfastiado e triste. Acaso encontrou um camarada, sargento do mesmo regimento, o Torcato munes mias, que andava a estudar para procurador de causas. Eram inseparáveis, identificaram-se numa intimidade de tasca e de alcoice. O veríssimo nunca mais abriu compêndio nem o outro um processo. D. Águeda mandava regularmente a mesada, e perguntava-lhe quando cantaria a missa.
Em 1836 apareceu no algarve a poderosa guerrilha de José Joaquim de sousa reis, o remexido, em são bartolomeu de Messines.