Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 15: CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE

Página 100
em grupos, nos pontos mais eminentes dos arredores, a cada surriada de espingardaria, lembrava-se dos seus filhos, das suas mulheres, do sossego das suas casas, e recuava até ganhar outro ponto e observação menos arriscado. Ainda assim, os mais audazes despejavam as suas caçadeiras, gritando: “Acudam! Acudam!”

Os salteadores respondiam enviando lá para o escuro de onde vinha o alarido balas não de todo perdidas; porque o silvar de um pelouro nas ramagens do arvoredo era que farte prova de não ser desprezível o socorro, visto que os ladrões o temiam. Entretanto, debandavam os aldeãos, como se desdenhassem da vitória. O posto dos assediados era, só comparável, na aflição, ao de Norberto Calvo.

Bernardo Moniz foi de aviso que rompessem todos ao portão, e arrostassem com os salteadores.

- Morrer queimados - . dizia ele - ou morrer a tiro importa o mesmo.

- Vamos sair; mas não juntos - obstou o médico. - Abram-se a um tempo as seis saídas da casa, e cada qual rompa, não contra eles, que são muitos; mas vamos chamar o povo, que há de socorrer-nos em nos vendo fora. Salvemos as vidas; mas não esqueçamos que estão aí quatro baús com toda a nossa fortuna!

- Depressa, que daqui a pouco estamos asfixiados! - exclamou Bernardo. - Quem nos dá balas?

- Temos pólvora somente - disse o padre, e, apontando para os três criados, continuou: - Estes homens deram mais de cinquenta tiros ao ar. Eu bem lhes dizia.

- De que nos servem as balas? - disse Francisco Moniz. - A nossa salvação é fugir, não é atacar.

Neste lance, ouviram um grande tropel de quem subia a escada de comunicação para a parte da casa por onde as línguas de fogo já espadanavam nas ombreiras das janelas.

- Aí estão! - exclamou o teólogo.

- Fidalga! Fidalga! - ouviram eles gritar.

<< Página Anterior

pág. 100 (Capítulo 15)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 100

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177