Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 16: CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO!

Página 109
..

- Não se trata disso agora... - atalhou D. Eugénia, compadecida do angustiado aspeito da irmã. - Olha se mandas algum criado indagar o que se passa... É impossível que os Monizes não fugissem de casa assim que começou o fogo!

Luís Pimentel saiu da antessala, e encontrou fora o pai, que lhe disse mal encarado:

- Não nos convém cá esta mulher!... Vês o exemplo na casa dos Monizes? Pois conta com o abade à frente dos salteadores, assim que lhe rosnar a estada da filha aqui. Vai pensando em mudá-la, que eu testilhas com o pai não as quero, e principalmente agora, que ele levanta consigo trezentos homens na Beira, se quiser.

- Mas que se há de fazer a esta pobre senhora, que para além do mais é minha cunhada e sobrinha do meu pai?

- Não sei; não quero saber. O que tu sabes é que o abade nos ameaça; e logo que se lhe abra ocasião, vinga-se de ti, que o trataste mal, e havemos todos de pagar os teus arrufos. Ora faz de conta que o Bernardo Moniz, à conta de estar aqui tua cunhada, se nos mete pela porta dentro!

- Isso de modo nenhum! - protestou Luís Pimentel. - Mando-o escorraçar pelos lacaios se cá vier... Mas o pai pensa que ele, se escapasse hoje, põe mais o pé nestes sítios? Das duas uma: ou se desterra, ou se deixa enforcar.

A ponto chegou um criado dos Pimenteis, que vinha de espreitar de longe o incêndio e a peleja na casa da Fonte. Contou o que ouvira dizer aos convizinhos dos Monizes: que o entulho da capela sepultara três cadáveres; que no eirado estavam dois, e outro numa loja de todo carbonizado, sendo um dos mortos Bernardo, e o outro Francisco Moniz.

Pimentel subiu a informar a esposa; mas tão sem piedade da cunhada falou em voz alta, que Ricardina, atenta ao mínimo rumor, escutou e ouviu.

- Que foi? - exclamou ela correndo em vertiginosos saltos para o primo.

<< Página Anterior

pág. 109 (Capítulo 16)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 109

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177