Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 17: CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE

Página 116
Dito isto”, concluía Sebastião Pimentel, “as providências estão dadas para resistir aos assaltos, venham eles donde vierem, já que a fidalguia de certos homens os não embaraça de ameaçarem de morte os seus próprios parentes.”

E, em testemunho de verdade, assinavam os três Pimenteis, pai e filhos, o cartel enviado ao neto da senhora de Amarante que matava homens a tiro. Norberto Calvo rodeava ansiadíssimo o patrão, esperando palavra que o elucidasse.

O abade concentrou-se, ponderando o apelo feito à sua clara geração, e sentiu-se brandamente descido da contraditória soberbia dos seus foros. Não respondera ao mensageiro: mas despedira bem galardoados os paladins da sua honra, enviando-os a Midões, com promessas de os proteger diante de el-rei nosso senhor, e redimi-los das culpas que os traziam transmontados e a corso.

De feito, Ricardina, sem leve constrangimento, aceitou o destino que a sua irmã lhe ofereceu; porque bem sabia ela que, passado algum tempo, por força tinha de fugir daquela casa para esconder os sinais da maternidade. Eugénia, subordinada pelo sogro e marido, aconselhou-a a recolher-se num mosteiro de Lisboa, onde as suas desventuras seriam sempre ignoradas, se ela as ocultasse, como lhe convinha. Prometeram-lhe recursos para viver largamente, e quantas diligências pudessem para que o pai lhe perdoasse e a readmitisse à sua estima.

Tudo agradeceu Ricardina: tudo lhe parecia melhor do que a presença do seu cunhado, e as lástimas do tio, que se apercebia de gente e balas, sem contudo espancar o medo de morrer queimado e entulhado nas ruínas do seu solar.

Quando Norberto ouviu o zumbido do pelouro, já Ricardina levava duas léguas andadas, caminho de Lisboa. Acompanhava-a o velho capelão dos Pimenteis na

<< Página Anterior

pág. 116 (Capítulo 17)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 116

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177