Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 20: CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO

Página 130
Esclarecê-lo era fomentar-lhe dores e vergonhas não sabidas, sem compensação de mínimas vantagens.

Cursava Alexandre o 4º ano, quando o condiscípulo de Viseu lhe contou que a mãe da viscondessa morrera de saudades de Matilde, porque o visconde a levara para Lisboa, dizendo que a filha do famigerado abade de Espinho não podia ser boa mãe.

- Mas quem era esse abade de Espinho?! - perguntou Alexandre. - Tu contas-me essas tragédias como se eu fosse lá da tua romântica Beira, que me parece uma Calábria!

- O abade de Espinho - explicou Osório - era um salteador famoso, um incendiário cruelíssimo, um assassino professo, que morreu em Roma, para onde emigrou antes que o espostejassem os liberais. Este abade era, enfim, o avô da viscondessa. Já entendes?

- Entendo. Contam-se tais maravilhas da tua província, que Frederico Soulié, se lá viesse, havia de pensar que Os Dois Cadáveres são um idílio bom para despertar nas raparigas o amor às boninas do monte!

D. Ricardina, que escutara o diálogo, enxugou as lágrimas assim que ouviu os passos do filho.

- A mãe chorava?! - notou Alexandre, remirando-lhe os olhos mal enxutos.

- Chorei, Alexandre... Ouvi lá dentro o teu amigo contar-te que morreu de saudades da sua filha uma pobre mãe... Só compreende bem essa mortal angústia quem for mãe como eu!

- Ah! A mãe escuta o que se diz no meu quarto? - volveu o jovem sorrindo. - Então já sabe também que eu tenho os meus namoros...

- Os teus livrinhos, meu filho.

- Não terei eu coração, ó mãe? - perguntou Alexandre, sorrindo ainda com a mão no peito.

- Se tens, meu amor! Tinhas, se a tua mãe to não roubasse... Sabe Deus quanto me custa ver que foges de mim para os livros... - respondeu ela graciosamente, beliscando-lhe o pavilhão da orelha.

<< Página Anterior

pág. 130 (Capítulo 20)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 130

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177