Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 23: CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA

Página 143

- As leis dos Silingos são fabulosas - respondeu o bacharel - porque esta tribo de vândalos seguiu a sorte das outras: dispersou-se por África, deixando aos Suevos a exclusiva glória de legisladores.

- Não sei lá disso... Queres o livro?

- Se te não serve de nada.

- Onde moras?

- Rua dos Calafates, nº 42, quarto andar. Não vás lá, que chegas acima com uma pulmonite. Se queres, eu mandarei a tua casa.

- Não. Lá mando.

Instantes depois, a viscondessa, colhida e agradecida a informação, dizia consigo:

- E agora? De que me serviu saber isto? Que hei de eu fazer? Tenho tantas amigas... Parece-me que as detesto, porque não sei de uma a quem possa dizer que amo este homem!

Ao outro dia, depois que o jornalista passou na Rua de S. Francisco, destrinçando bem pela raiz as diferenças entre curatio e jurisdictio, a viscondessa mandou ao quarto andar do nº 42, da Rua dos Calafates, uma carta assim sobrescritada: À mãe de Alexandre Pimentel.

D. Ricardina deslacrou a carta com sobressalto e leu: Deve ser uma santa a mãe de tão honrado filho. Se ela vive sozinha e carecida de uma amiga, consinta que se lhe ofereça um coração. Quem estas linhas escreve é ma uma mulher de 20 anos, viúva, sem passado que não seja um recordar doloroso, e sem futuro que lhe ilumine a escuridade da sua vida. Às vezes pergunto a Deus porque me levou minha mãe, se me havia de dar uma alma tão estranha no meio deste mundo. Se eu a tivesse, iria ela procurar a mãe de Alexandre Pimentel, e diriam entre si as palavras santíssimas que elas somente sabem dizer, quando se comunicam as delícias de amarem seus filhos. Que eu possa um dia venerar uma virtuosa mãe e recordar-me do que perdi na minha, vendo a felicidade do filho a quem Deus a não tirou.

<< Página Anterior

pág. 143 (Capítulo 23)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 143

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177