- Então o primo é meu procurador?! - perguntou ela. - O meu procurador era...
- Era outro - acudiu ele - ; mas hoje, se me der licença, sou eu. Deixe-me ter nesta casa algum préstimo. Como hei de eu compensar os bens que recebo? E, além disso, que quer a prima que eu faça ao meu tempo?
- Escreva a sua obra; mas não se apresente como procurador da sua prima, que parece mal.
E ele respondeu com os olhos embaciados:
- Ó prima Matilde, eu não sei fazer acto que me fique mal. Deixe ao meu cargo o que for da minha dignidade.
A viscondessa não assinou a procuração. Alexandre sorriu-se e disse:
- Pois bem; manda-se fazer outra.
Matilde foi ter com a sua tia, e demorou-se algum espaço em conversa, de que resultou D. Ricardina abraçá-la com efusão de alegres exclamações e muitas lágrimas. Depois, foi a mãe ao gabinete de Alexandre, e disse-lhe sem preâmbulos:
- Meu filho, venho dizer que... resolvi casar-te.
- Oh!... Então minha mãe... resolveu... - disse risonhamente Alexandre.
- Resolvi, contando com a tua vontade, porque não conto outro tanto com a minha. Matilde sabe que te ama; e eu sei que tu amas Matilde. Enganei-me?
- Eu amo verdadeiramente minha prima - respondeu Alexandre. - Não se enganou quanto ao juízo que formou de mim. Penso também que a minha prima me considera digno da sua estima.
- E da sua alma.
Alexandre meditou dois minutos e disse:
- Eu precisava de fazer não sei quantas perguntas a minha mãe para que a minha prima lhe respondesse Cifra-se num a só: pergunte minha mãe à nossa amiga se está bem convencida de que eu, se ela fosse pobre, seria mais feliz neste momento, dizendo-lhe pela primeira vez que a amo, que lhe agradeço e beijo a mão que me oferece.
- Eu respondo, meu primo - disse a viscondessa entrando no gabinete.