Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 10: CAPÍTULO X - A SORTE

Página 64

- Que é que te repugna? - insistiu Francisco Moniz - , é matar? Não mates. Vocês são treze. Dois tiros matam dois homens. Outros dois tiros assustam os deputados, catedráticos, que não foram votados à morte. Restam nove homens para conter em respeito os caleceiros. Porque não hás de pertencer aos nove da missão incruenta? Deixa-me sorrir, que não é muito para chorar o caso. Além de que vocês vão mascarados com lenços. Quem há de conhecê-los? Se não entrever desastre imprevisto, espero que vocês entrem cada um na sua casa desassombradamente.

Reanimava-se Bernardo ao compasso das confortadoras e algum tanto facetas razões do médico. O teólogo permanecia triste, cabisbaixo, e sempre enxugando choro, às ocultas do irmão.

- Bem! - disse reanimado o jovem. - Lembraste, Francisco; a intervenção possível de um desastre.

- Sim.

- Conjeturemos que se realiza a péssima hipótese.

- De que modo?

- Que eu sou morto, ou me expatrio para não ir ao patíbulo dos sócios de Gomes Freire.

- Que pessimista!

- Supondo. Vamos conversar tranquilamente. Morto ou fugitivo, deixo ali Ricardina. Que lhe fareis?

- Diz-nos a tua vontade, se queres que persistamos na hipótese péssima.

- A minha vontade...

Demorou-se na resposta, porque os soluços o embargaram.

- A tua vontade - prosseguiu o médico - é que ela volte para um mosteiro?

- Não.

- Pois quê?

- Que digam ao meu pai e a toda a gente que ela era minha esposa clandestina. Se for necessário, falsificareis uma certidão de casamento; dareis muito dinheiro a um vigário que a passe. Isto é possível, meus bons amigos? É possível? - clamava ele, abraçando-os.

- É - responderam simultaneamente os irmãos. - Ricardina irá para nossa casa.

- Respiro, meus irmãos! Agora, perdoai-me as lágrimas e absolvei-me da fraqueza.

<< Página Anterior

pág. 64 (Capítulo 10)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 64

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177