Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS

Página 78

- Ó meu Deus, quanto sois bom para os aflitos! - exclamou ela, ajoelhando outra vez, debulhada em lágrimas.

Quem poderia dizer o tormento de Francisco Moniz naquela hora!

Até ao cair da noite, as notícias vindas confirmavam o boato da prisão dos sete estudantes; mas não se diziam nomes nem sinais. O médico entrou à hora em que o irmão devia sair com Ricardina. Despediu-se a chorar de ambos, e disse ao ouvido do irmão:

- Ampara os dias do nosso velho pai, que perde dois filhos. Assim que souberes que eu fui preso, emigra. Olha sempre por esta infeliz senhora, e... - Fez uma breve pausa e continuou: - Devo dizer-te que Ricardina é mãe, se a dor lhe não houver matado o feto. Bernardo já o suspeitava, e com razão. Aviso-te disto para que te abstenhas de a recolher nalgum convento em tal estado. Não sei dizer-te o que devas fazer. Pensarás, segundo as circunstâncias. Tem tu ânimo; segue os conselhos da tua virtude.

Partiram caminho de Viseu. E, ao mesmo tempo, Francisco Moniz, esforçado pela deliberação de arrojar-se aos perigos, montou a cavalo e saiu pela estrada de Coimbra. Chegou a Condeixa à meia-noite. Indagou dos presos, e soube que estavam em ferros quatro, capturados no Rabaçal. Teve meios de os ver na madrugada, quando saíam do cárcere para meio da cavalaria e povo armado. Não estava seu irmão entre eles.

Perguntou pelos três que tinham sido agarrados na Ega e em Pereira. Disseram-lhe que, afora os nove, todos tinham fugido por arte de Satanás. Ourou-se-lhe a cabeça de alegria. Renasceu naquele momento! Orou: sentiu a precisão de crer que brilhava um reflexo divino na exultação da sua alma.

Lembrou-se da sua mãe, que morrera chorada dos pobres, porque, ainda em tempo de pobreza, repartia o pão dos seus filhos pelas criancinhas mais indigentes.

<< Página Anterior

pág. 78 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 78

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177