Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 14: CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE

Página 92

Obrigado, honrado homem! Deus te pague com as alegrias de salvar da forca o futuro marido da tua querida menina. Mas olha, Norberto, sabes tu que nos custa deixar-te? Queres tu vir connosco? Queres ser um amigo da nossa família, um irmão que a tua probidade nos deu?

- Vem, vem, Norberto! - interveio Ricardina - e deixa à tua mãe e os teus sobrinhos o dinheiro que quiseres.

- Tudo que quiseres - confirmou Bernardo.

- Já, não posso ir... - disse o criado - , mas, passados alguns dias, lá vou ter onde estiverem Vossas Senhorias. Acho que ainda sou cá preciso... E, com isto, adeusinho. Não me posso demorar. Andem depressa com os arranjos, que não há tempo a perder. Não deixem nada de valor à vista dentro do palácio, porque o Sr. Abade tem lá por casa todos os criminosos e ladrões que não podem ir às suas terras, à espera da ocasião para fazer estardalhaço por essa Beira fora. Adeusinho, fidalga, até mais ver.

Ricardina e Bernardo abraçaram-no. Ao tempo que o cingia ao peito, o estudante introduziu-lhe na algibeira da jaqueta um rolo de dinheiro, que trouxera quando desceu com Ricardina. Norberto fez pé atrás e disse, tirando o rolo:

- Isto que é, Sr. Doutor?!

- É da tua mãe e dos teus sobrinhos. Se recusares aceitar o que é dos pobres, fazes uma ação má, e quase um roubo à tua família.

- Pois, bem haja! - disse Norberto. - Bem pobrinhos são todos!

E retirou-se a depor nas mãos da sua mãe todo o dinheiro recebido, dizendo-lhe:

- Peça muito a Nossa Senhora que guarde esta boa gente dos seus inimigos.

A família de Bernardo esperava ansiosíssima as novidades levadas por Norberto. O ancião, que ainda ignorava as ameaças que rodeavam os filhos, assim que ouviu dizer que iam fugir, e a casa havia de ficar abandonada ao saque, rompeu em clamores, pedindo a Deus que lhe acabasse a velhice tão amargurada.

<< Página Anterior

pág. 92 (Capítulo 14)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 92

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177