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Capítulo 4: CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA

Página 70
[N.T.]

Devo referir que uso o termo «luta pela existência» num sentido lato e metafórico, que inclui a dependência de um ser perante outro e (o que é mais importante) não só a vida do indivíduo, mas o sucesso em deixar progénie. De dois canídeos pode-se correctamente afirmar que em tempo de escassez lutam entre si para determinar qual deles conseguirá alimentar-se e manter-se vivo. Mas de uma planta na orla do deserto diz-se que luta pela vida contra a seca, embora fosse mais apropriado afirmar que depende da humidade. De uma planta que produz anualmente mil sementes, das quais em média apenas uma atinge a maturidade, pode-se afirmar mais correctamente que luta com as plantas do mesmo tipo e de outros que já revestem o solo. O visco depende da macieira e de outras árvores, mas só num sentido rebuscado se pode afirmar que luta com estas árvores, pois se demasiados parasitas semelhantes crescerem na mesma árvore, esta perde o viço e morre. Mas de diversos viscos jovens a crescerem juntos no mesmo ramo pode-se ainda mais correctamente afirmar que lutam entre si. Como o visco é disseminado pelas aves, a sua existência depende delas; e dele se pode afirmar metaforicamente que luta com outras plantas frutíferas, de maneira a aliciar as aves a devorar e assim disseminar as suas sementes em vez de disseminar as sementes de outras plantas. Nestes diversos sentidos, que se interpenetram, uso por uma questão de conveniência o termo geral «luta pela existência».

Uma luta pela existência segue-se inevitavelmente do ritmo elevado a que todos os seres orgânicos tendem a proliferar. Todo o ser que na duração natural da sua vida produz diversos ovos ou sementes tem de sofrer destruição num dado período da sua vida e durante alguma estação ou ano ocasionais; de contrário, segundo o princípio de proliferação geométrica, os seus números seriam em breve tão extraordinariamente elevados que nenhuma região poderia sustentar o produto.

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 70

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491