A consciência do homem tem muitas camadas e, séculos depois de a consciência culta da nação ter ascendido a mais elevados planos, as mais baixas dessas camadas continuaram com uma rudimentar actividade, principalmente ao nível da gente vulgar. A consciência do homem tende sempre a voltar aos níveis originais, embora existam duas formas de isso acontecer: por degenerescência e decadência; e por um deliberado retrocesso, com o fim de voltar uma vez mais às raízes para um novo recomeço.
Na época romana houve um grande resvalar da consciência do homem até aos mais antigos dos seus níveis, embora fosse uma forma de decadência e um regresso à superstição. Porém, nos dois primeiros séculos depois de Cristo o domínio dos céus voltou como nunca a estar presente nos homens através de uma superstição com poder mais forte do que qualquer outro culto religioso. Os horóscopos eram a grande moda. Sorte, fortuna, destino, carácter, tudo dependia das, estrelas, ou seja, dos sete planetas. Os sete planetas eram os sete Senhores dos céus e irrevogável e inevitavelmente determinavam o destino do homem. Por fim, o seu domínio transformou-se numa forma de denúncia, e tanto os cristãos corno os neoplatónicos se opuseram a ele.