Apocalipse - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 56 / 180

É este o teor da crítica ortodoxa. Seja embora verdade que nos espanta o quase brutal paganismo do «nosso autor» João de Patmos. Fosse ele quem fosse, não tinha medo de símbolos pagãos nem sequer medo, ao que parece, de nenhum culto pagão. As antigas religiões eram cultos de vitalidade, força e poder; nunca devemos esquecê-lo. Só os Hebreus eram morais e, assim mesmo, em algumas coisas. Entre os antigos pagãos, as moralidades não passavam de regras sociais, de um comportamento decente. No tempo de Cristo, porém, todas as religiões e todo o pensamento pareciam afastar-se de velhos cultos e do estudo da vitalidade, da força e do poder, para dar lugar ao estudo da morte, das mortes-recompensa, das mortes-punição e da moralidade. Em vez de serem religiões da vida aqui e agora, todas as religiões se transformaram em religiões do destino adiado, da morte e da recompensa posterior, «se fôssemos bons».

Se João de Patmos aceitava com fogosidade o adiamento do destino, pouco se importava com o facto de «sermos bons». O que ele queria era o poder derradeiro. Era um descarado judeu pagão com o culto do poder, que rangia os dentes só de pensar que era adiado o seu grandioso destino.





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