Deus passou a ser o animal imolado, em vez do animal que imola. Para os Judeus terá pois de ser um Cordeiro, em parte devido ao seu antigo sacrifício pascal. O Leão de Judá vestiu-se com um velo de cordeiro, mas vós reconhecê-lo-eis pela forma como morde. João insiste num Cordeiro «como que imolado», mas nunca o veremos imolado; vê-lo-emos, antes, imolar aos milhões na humanidade. Mesmo quando surge com uma vitoriosa camisa ensanguentada no final, o sangue não é dele: é sangue dos reis inimigos.
Lavai-me do sangue dos meus inimigos
E serei quem sou...,
diz, com efeito, João de Patmos.
Segue-se um péan. E que péan, um verdadeiro péan pagão em louvor do deus prestes a manifestar-se - os anciã os, aqueles duas vezes doze do cosmo oficializado que realmente são os doze signos do zodíaco nos seus «assentos», que não param de levantar-se e de prostrar-se perante o trono como os feixes de José. Os frascos com perfumes suaves são rotulados de «orações de santos»; um provável retoque de qualquer cristãozinho posterior. Anjos judeus fazem uma entrada em bando. E nessa altura começa o drama.