Não se trata, porém, de aniquilamento porque os reis da terra e o resto dos homens se vão esconder da imperecível ira do Cordeiro nos montes deslocados.
Não haja dúvida de que esta calamidade cósmica corresponde à derradeira morte original do iniciado, quando o próprio espírito lhe é arrancado e ele conhece de facto a morte se bem que conserve, em pleno Hades, o derradeiro ponto de chama da vida. É pena, contudo, que os apocaliptas tenham mexido tanto no texto. O Apocalipse torna-se uma sucessão de monótonas calamidades cósmicas. De bom grado daríamos a Nova Jerusalém para ter acesso à original descrição pagã da iniciação; de igual modo, a eterna história da «ira do Cordeiro» exaspera-nos tanto como todos esses presságios intermináveis que desdentados velhos fizeram.
Seja como for, as seis fases da morte mística terminaram.
A sétima é, ao mesmo tempo, morte e nascimento. Depois, emerge do inferno a derradeira chispa do eterno «eu» do homem e, no preciso instante da sua extinção, transforma-se na nova chama bífida do homem com um novo corpo de coxas douradas e glorioso rosto. Antes, porém, há uma pausa: uma pausa natural. A acção é interrompida e transferida para outro mundo, o cosmo exterior. Antes do sétimo selo, da destruição e da glória, há que cumprir um menor ciclo de rituais.