- Ora, gracejos! Basta, chega! Por caridade, arranje maneira de nos voltarmos a ver..., uma vez, só uma.
- Está bem...
Emma interrompeu-se; depois, como se reconsiderasse, continuou:
- Mas aqui não!
- Onde desejar.
- Olhe...
Ela pareceu reflectir e, logo num tom breve, prosseguiu:
- Amanhã, às onze horas, na catedral.
- Estarei lá! - exclamou ele, agarrando-lhe nas mãos, que ela desprendeu.
E, como se ambos se encontravam de pé, ele colocado atrás dela e Emma de cabeça baixa, Léon inclinou-se-lhe sobre o pescoço e beijou-a demoradamente na nuca.
- Mas você está doido! O que é isso? Está doido! - dizia ela com risadinhas sonoras, enquanto os beijos se multiplicavam.
Então, adiantando a cabeça por cima do ombro dela, ele pareceu procurar-lhe nos olhos o consentimento. Estes pousaram nele com uma majestade glacial.
Léon deu três passos para trás para sair. Parou ainda no limiar. Depois murmurou com voz trémula:
- Até amanhã.
Ela respondeu com um gesto da cabeça e desapareceu como uma ave no quarto contíguo.
À noite, Emma escreveu ao escriturário uma interminável carta a desligar-se do compromisso da entrevista: tudo estava agora terminado e, para a felicidade de ambos, não deviam voltar a encontrar-se. Porém, uma vez a carta fechada, como não sabia o endereço de Léon, ficou grandemente embaraçada.
«Entregar-lha-ei eu mesma», pensou ela; «ele virá.»
No dia seguinte, Léon, com a janela aberta e cantarolando na varanda, engraxou ele mesmo os sapatos, aplicando-lhes várias camadas de pomada. Vestiu calças brancas, meias finas, um casaco verde, espalhou no lenço toda a espécie de perfumes que tinha, depois mandou frisar o cabelo, mas desfrisou-o novamente para lhe dar elegância mais natural.