disse o seguinte: "- Você fica aqui neste ilhéu, onde a partir de agora viverá longe dos seus semelhantes, apenas observado por Deus e pela sua consciência! Todavia, ao contrário do capitão Grant e dos companheiros, não fica ignorado ou perdido... Por mais indigno que seja da lembrança dos homens, alguns lembrar-se-ão de si. Eu sei onde você está, Ayrton, e saberei onde o encontrar... um dia! Nunca me esquecerei disso! "Dito isto, o Duncan levantou ferro e em breve desaparecia no horizonte. Era o dia 8 de Março de 1855. Ayrton estava só e isolado do mundo, mas não lhe faltavam armas, munições e sementes. Tinha, igualmente, a cabana do capitão Grant à sua disposição... Nada mais lhe restava senão sobreviver e expiar os crimes cometidos. Mas, a pouco e pouco, o abandonado foi caindo no embrutecimento total, acabando por se transformar num verdadeiro selvagem... aquele mesmo que os colonos da ilha Lincoln recolheram!" - E o abandonado terminou:
- Escusado será dizer-vos, senhores, que Ayrton ou Ben Joyce e eu somos uma única e a mesma pessoa! Cyrus Smith e os companheiros tinham-se posto de pé. É difícil descrever a emoção que sentiam, tanta era a miséria, o desespero e a dor que lhes fora dado conhecer... O engenheiro encaminhou-se para o ex-celerado.
- Ayrton - disse -, o seu passado criminoso já foi, certamente, expiado aos olhos de Deus. A prova é que Ele o trouxe até aqui. Por nós, também está perdoado. Quer ser agora um dos nossos? Ayrton recuou um passo, tomado de perturbação. Cyrus retomou a palavra:
- Aqui tem a minha mão!
O homem precipitou-se para estreitar aquela mão estendida.
Um a um, os outros aproximaram-se e abraçaram o novo amigo e companheiro.
- Não prefere ficar a viver connosco? - perguntou ainda Cyrus Smith.