Sem hesitar um segundo, os colonos meteram-se por ali abaixo, correndo o risco de escorregar a todo o momento; continuaram a descer, fazendo rolar pedras e calhaus, até que atingiram o nível do mar. Outra desilusão os aguardava: o fio descrevia um ângulo pronunciado e sumia nas águas revoltas da maré cheia!
- Querem lá ver que temos de mergulhar e procurar um refúgio subaquático? - desesperou-se Pencroff.
Cyrus Smith reflectiu uns instantes e tomou uma decisão:
- Vamos esperar que a maré desça, meus amigos, e reencontraremos o caminho... O nosso benfeitor não nos teria chamado, se fosse impossível chegar até ele.
Esperar era, portanto, o que restava fazer. Os seis homens abrigaram-se numa pequena gruta e, em silêncio, deixaram escoar o tempo. Lá fora, a chuva recruscedia e o eco ampliava o fragor dos trovões. Pela meia-noite, a maré já baixara um bom bocado. Cyrus pegou no lampião e foi seguindo o fio até à boca de uma gruta aberta na muralha de basalto... Mais uma hora e a abertura, que se adivinhava bastante grande, ficaria praticável! Para ali se encaminharam e, mal o mar permitiu, iluminaram a entrada de um imenso túnel abobadado, agora com uns cinco metros de altura, por onde entrava a água do mar formando como que um canal que se perdia na escuridão, direito ao interior da ilha... E, mesmo diante deles, viram uma barcaça amarrada a uma saliência da rocha!
- Embarquemos! - comandou Cyrus Smith.
Nab e Ayrton tomaram conta dos remos e Pencroff do leme; o engenheiro seguia à proa com o lampião, cuja luz fraca não permitia que distinguissem a verdadeira dimensão da caverna.
Os remadores avançavam cautelosamente, tentando não chocar com as paredes do túnel, ao longo do qual estava preso o fio telegráfico.