O pesado saco foi imediatamente borda fora.
- E o balão? Sobe?
- Um pouco, mas não tardará a descer.
- Há mais alguma coisa para deitar fora?
- Mais nada!
- Há, sim! A barquinha!
- Agarremo-nos à rede... e barquinha ao mar!
Era, na verdade, a única e a última coisa a fazer para aliviar o peso do balão. As cordas que prendiam a barquinha foram metros, com os cinco passageiros agarrados às cordas sobre o abismo. Mas o gás continuava a escapar-se pelo rasgão. Os passageiros tinham feito tudo o que era humanamente possível e, agora, só lhes restava esperar a ajuda de Deus. Às quatro da tarde, apenas cento e cinquenta metros os separavam do mar. Ouviu-se, então, o ladrar sonoro do cão que acompanhava os passageiros, bem preso às cordas junto ao dono.
- O Top viu qualquer coisa!
- Terra! Terra à vista! - gritou alguém.
O balão, arrastado para sudoeste pela ventania, já tinha, por essa altura, percorrido uma distância considerável. Mas não havia dúvidas! Para sudoeste, lá estava ela, a terra firme, a uma hora de distância, se o vento não mudasse. Uma hora ainda! E se o balão, entretanto, perdesse todo o gás? Pelas quatro e meia, o aeróstato, cada vez mais vazio e enrugado, já arrastava os passageiros pela crista das ondas.
De repente, soaram gritos terríveis! Estavam apenas a duzentas braças da praia, quando um formidável golpe de mar apanhou o balão, e este, como que liberto de um peso, subiu de esticão aos quatrocentos e cinquenta metros. Aí, apanhado numa espécie de redemoinho de vento, começou a ser impelido paralelamente à costa, até que obliquou e acabou por cair na areia da praia, fora do alcance das vagas.
Os passageiros, ajudando-se uns aos outros, apressaram-se a libertar-se das malhas da rede.