O balão, finalmente livre de peso, desapareceu no espaço empurrado pelo vento, qual pássaro ferido que reencontra um último sopro de vida.
Mas a barquinha havia transportado cinco passageiros e um cão, e as pessoas lançadas à praia eram apenas quatro! O passageiro que faltava fora certamente levado pelo último golpe de mar, e esse alijar do peso permitira que o balão tivesse subido pela derradeira vez e, depois, atingido a praia! Logo que os quatro náufragos - assim lhes poderemos chamar - deram pela falta do companheiro, exclamaram:
- Ele há-de tentar nadar para terra! Salvemo-lo! Salvemo-lo!
Estes náufragos, que o furacão atirara à praia, não eram aeronautas de profissão, nem sequer amadores. Eram americanos e prisioneiros de guerra evadidos em circunstâncias absolutamente extraordinárias.
Nesse mesmo ano de 1865, no mês de Fevereiro, no decurso da Guerra da Secessão, o general Grant tentara conquistar, sem êxito, a cidade de Richmond, na Virgínia. Ora aconteceu que, durante esse ataque falhado, vários dos seus oficiais foram feitos prisioneiros pelo inimigo. Um dos mais distintos pertencia ao estado-maior federal e chamava-se Cyrus Smith.
Cyrus Smith, natural do estado do Massachusetts, era um engenheiro e homem de ciência ilustre, a quem o governador da União havia confiado, durante a guerra, a direcção dos caminhos de ferro, de grande importância estratégica.
Verdadeiro americano do Norte, magro e seco de carnes, teria cerca de quarenta e cinco anos e já lhe começavam a branquear o cabelo cortado curto, e o bigode farto. Autêntico homem de acção e, ao mesmo tempo, homem de ideias, era movido por uma força anímica e uma persistência tenaz daquelas que desafiam todas as fatalidades do destino. Muito