instruído e dotado de sentido prático, este temperamento soberbo e senhor de si, fossem quais fossem as circunstâncias, reunia as três condições básicas da energia humana: actividade do espírito e do corpo, impetuosidade do desejo e força de vontade. A divisa adoptada por Guilherme de Orange, no século xvii, bem podia ser a sua: "Não careço da esperança para tentar; nem do êxito para perseverar." Cyrus Smith era a coragem em pessoa.
Juntamente com Cyrus Smith, outra personagem importante caía nas mãos dos Sulistas: Gedeão Spilett, o notável jornalista do New York Herald, enviado com os exércitos do Norte para relatar as peripécias da guerra.
Spilett pertencia àquela raça de cronistas ingleses e americanos, que não recua diante de nada para obter uma informação exacta e para a transmitir ao seu jornal com a brevidade possível. Homem de grande mérito, enérgico e pronto para tudo, conhecia praticamente o mundo inteiro, sem nunca olhar a trabalhos e fadigas, sem temer um perigo! O que contava era a notícia para o jornal, a informação, a curiosidade pelo inédito e pelo desconhecido. Por tudo isto, sentia-se pronto a enfrentar fosse o que fosse e era vê-lo sem um estremecimento na primeira fila da batalha, de arma numa mão e bloco na outra, a tomar notas debaixo da metralha. Gedeão Spilett não teria mais de quarenta anos; era um homem alto, com o rosto emoldurado por suíças loiras a puxar para o ruivo e um olhar vivo e rápido, habituado a captar o mais pequeno pormenor. A constituição robusta tinha-se-lhe temperado em todos os climas, assim como uma barra de aço em água fria.
Cyrus Smith e Gedeão Spilett, que só se conheciam de nome, haviam sido transportados juntos para Richmond. Simpatizaram logo um com o outro e, com o tempo, aprenderam a estimar-se.