Smith e Nab acorreram ao ouvir o disparo. Nesse momento, já Pencroff estava a admirar o jaguar e a imaginar como a respectiva pele ficaria bem numa das paredes do salão da Casa de Granito!
- Ah! Senhor Spilett, se o senhor soubesse como eu admiro a sua calma e a sua pontaria! - exclamou Harbert, entusiasmado.
- Ora, meu rapaz, terias feito a mesma coisa! - respondeu o repórter. - E agora, companheiros, por que esperamos para entrar no abrigo?
- Alto lá, que podem aparecer outros! - alarmou-se o marinheiro.
- Se fizermos um bom lume à entrada, não há um que se atreva a entrar - garantiu Spilett.
E vai daí começaram a amontoar grande quantidade de lenha diante da gruta, enquanto Nab tratava de esfolar o jaguar.
Cyrus Smith encaminhou-se para uma pequena mata de bambus, que avistara ali perto, e cortou umas quantas canas que misturou na pilha de lenha. Assim que acenderam a fogueira, começaram a soar estampidos que nem petardos e fogo-de-artifício! Eram as canas de bambu a estalar com o lume e só a barulheira que faziam chegava e sobejava para assustar as feras mais afoitas! Este engenhoso processo de afastar animais indesejáveis não foi, porém, invenção do engenheiro. Conforme explicou aos amigos, já Marco Polo o referia nos relatos das suas viagens, como sendo muito utilizado pelos Tártaros nos acampamentos da Ásia Central. Bem, o certo é que os nossos exploradores puderam comer e dormir em paz naquela gruta de chão de areia macia.
Ao raiar da aurora, o grupo pôs-se a caminho. Diante dos colonos, estendiam-se quilómetros de uma costa ainda desconhecida, e que, segundo os cálculos do engenheiro, devia terminar no cabo em forma de garra que, por sua vez, limitava a sul a grande baía dos pântanos onde aparecera o caixote misterioso.