Afastou-se depois do caminho, deitou à direita e parou próximo de um vulto que estava encostado a um pinheiro bravo.
- Então? - perguntou o outro.
- Tudo às mil maravilhas: tanto ele como os criados engoliram a pílula como um torrão de açúcar.
- E não te conheceram?
- Quem fala nisso!... Com a escuridão que fazia e da maneira como eu me apresentei, era quase impossível.
- Visto isso, tudo corre à maneira dos nossos desejos, e oxalá que o resultado final seja coroado com a mesma felicidade.
- Não te assustes com isso!... Agora o que cumpre é ter o ouvido alerta e vista de lince para poder penetrar nessa escuridão do inferno... As pistolas estão preparadas?
- Estão; aqui tens as tuas - e o vulto entregou-lhe um par de pistolas de cavalaria.
- Estão elas bem carregadas?... Se falham, digo-te que ficamos burlados.
- Carreguei-as pelas minhas próprias mãos e experimentei-as por mais de uma vez.
- Bem... Sempre te digo que me haveria melhor com uma navalha ou um bom pau de choupa do que com estes trambolhos; mas, enfim, vá lá, sempre é bom a gente saber de tudo...
- Escuta... não sentes passos de cavalo ao longe?
- Efetivamente...
- Bem, então a postos e boa pontaria; deve ser ele.
Os dois avançaram precipitadamente para mais próximo do caminho que cortava a bouça e encobriram-se com um tronco de um velho carvalho.
Passados momentos, distinguiu-se um ponto negro caminhando vagarosamente.
Era Fernando, que, embuçado na sua capa de oleado e montado na égua, atravessava pausadamente, e à vontade do animal, a embrenhada bouça.
A poucos passos do lugar em que estavam os dois emboscados, a égua estacou, amedrontada pela detonação de um tiro.
O rapaz, sem perder o sangue-frio, voltou-se para o sítio donde havia partido a detonação, picou o animal, e, tirando o revólver de um dos bolsos, exclamou:
- Ah! seus canalhas! Eu vou já ensiná-los a fazer melhores pontarias.