Apocalipse - Cap. 17: Capítulo 17 Pág. 129 / 180

Trata-se de qualquer coisa que o ultrapassa e, ao mesmo tempo, lhe pertence. É rápida e admirável como uma serpente, e esmagadora como um dragão. Salta de um lugar qualquer dentro do homem, e é o melhor que nele existe.

Num certo sentido o homem primitivo (ou, melhor dizendo, o homem do princípio) temia a sua própria natureza que era tão violenta e tão inesperada dentro de si, que não parava de fazer dele «gato-sapato». Cedo reconheceu a natureza meio divina, meio demoníaca dessa «inesperada» força que dentro de si existia.

Às vezes surgia como uma glória, por exemplo na altura em que Sansão matou o leão com os seus próprios braços, ou David matou Golias com um calhau. A estes dois actos os gregos anteriores a Homero chamariam «o deus» por reconhecerem em tais feitos, e ao autor de tais feitos, o carácter sobre-humano que há dentro do homem. Este «autor do feito», a força fluida, rápida, invencível e até clarividente que pode percorrer todo o corpo e o espírito do homem, é o dragão, o grande e divino dragão da sua força sobre-humana; ou o grande e demoníaco dragão da sua destruição interior. E o que surge em nós para nos fazer mover ou executar um acto, para nos fazer criar uma coisa qualquer; para nos fazer crescer e viver.





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