A Brazileira de Prazins - Cap. 12: CAPÍTULO XI Pág. 105 / 202

Encostou-se ao batente da porta, trocou um lance de olhos com o veríssimo, e saiu apressadamente, arranjando pelo caminho uma fisionomia cheia de alvoroço, de surpresa.

Entrou pela residência, muito esbofado:

- O abade, já esteve na eira do Gonçalves?

- Não; estou a acabar de jantar, e lá vou ver essa borracheira de comédia. Você vem aganado!

- Vinha perguntar-lhe se conhece um sujeito de fora que lá está na eira.

- Aqui veio um rapazola da póvoa pedir-me uma cadeira há coisa de meia hora para um fidalgo que tinha vindo com ele. Perguntei-lhe quem era o fidalgo. Diz que não sabe. Esta canalha em vendo um bigorrilhas de casaco chama-lhe fidalgo.

- Venha já daí comigo. Por quem é, não se demore... O abade, lembra-se de ver el-rei em braga há treze anos?

- Ora se lembro!... Beijei-lhe a mão três vezes.

- E, se o vir agora, conhece-o?

- Parece-me que sim - o padre limpava à pressa os beiços amarelos dos ovos do arroz - doce. - mas isso que quer dizer? Você está doido, ou temos carraspana, amigo nunes?

- Homem! Venha comigo, e depois chame-me doido ou borrachão, lá como quiser; mas não se demore que eu estou em brasas vivas.

- Aí vou, aí vou, não se atrigue. Vai uma pinga do choco?

- Venha de lá isso. - bebeu de um trago, e pediu outro: - agora, à saúde de el-rei! À saúde daquele que talvez esteja bem perto de nós! A cem passos!

- Toque! - exclamou o abade.

Pelo caminho, disse-lhe o nunes que era preciso o maior disfarce, não olhar muito de frente para ele, e só deviam falar-lhe se a ocasião viesse muito a jeito.

- Você está a sonhar, homem!

Quando entraram à eira, já tinia começado a festa. Veríssimo estava em pé, com a mão direita apoiada nas costas da cadeira. De um e de outro lado remexia-se





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