As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 17: XVII Pág. 114 / 332

Assim que João Semana se aproximou, levantou-se o homem e tirando o barrete:

- Nosso Senhor venha em sua companhia.

- Bons-dias; então que há?

- Queria que vossemecê me dissesse se minha mulher pode comer uma sardinha assada.

- Pode, mas de caminho avisa o padre que a venha sacramentar.

- Credo! mas então...

- Adeus minhas encomendas. A perguntas tolas não se dá resposta.

Forte descoco!

E, sem mais palavra, estimulou o passo da égua.

O consultante sentou-se de novo e, voltando-se para dentro, disse:

- Ouviste-o? Ora aí tens.

Respondeu-lhe um suspiro.

Ainda não pararam aqui as consultas. Ao passar por uma azenha, o moleiro, vindo à porta, anunciou ao velho facultativo que a mulher não queria tomar remédio algum.

- Está no seu direito - respondeu João Semana. - E que queres que eu lhe faça?

- Mas, sendo precisos?...

- Sabes que mais, Francisco? Eu, se me não casei, não foi para agora andar a aturar as impertinências das mulheres do meu próximo.

Atura-a, atura-a, rapaz, que são ossos do ofício.

E continuou cavalgando, e deixou o moleiro embasbacado.

Depois de se ter afastado, acrescentou, elevando a voz, mas sem se voltar para trás:

- Olha lá; sempre lhe vai dizendo que, se amanhã a não encontrar melhor, prego-lhe um cáustico nas costas, que lhe há-de fazer ver as estrelas ao meio-dia. Ora anda.

Enfim, num largo assombrado de castanheiros, foram duas crianças as que lhe interromperam a passagem; assim que o avistaram, ergueram-se do chão, onde estavam sentadas, tirando o chapéu e pondo-se a coçar na cabeça.

- Que temos nós, pequenada? - perguntou-lhe João Semana.

Um dos pequenos foi o relator da comissão.

- O nosso Luís está doente e a mãe manda pedir ao Sr.





Os capítulos deste livro