- Morta? - perguntou com vivacidade a Sr.ª Teresa.
- Morta não, senhora. A mulher estava viva.
- Mas o tiro que ele deu?
- Eu lá disso não sei!... Pois ele deu algum tiro?
- Pois eu não ouvi um tiro? - disse a Sr.ª Teresa. - E não fui eu só; houve mais quem ouvisse.
- Que ele tinha a espingarda, isso lá tinha.
- E deu o tiro; não tem dúvida que deu. Mas então era a Clara?
- Nada, não era; era a irmã, a mestra. Eu bem a vi. E vai ao depois, o Sr. Reitor não sei que disse e tal, sim senhores, e pega e vai ao Pedro e manda-o embora e volta-se para o povo, que por ali estava, e manda-o também embora, dizendo que não dessem à língua; e com razão, porque a rapariga é bem afamada e, se se principiasse agora por aí a falar... Sempre me há-de lembrar que quando minha mulher...
- Mas o Pedro que disse à saída?
- Não disse nada. Parecia nem dar por a gente. Ia assim a modo de estarrecido. Se lhe parece! Sempre um homem às vezes se encontra nelas boas! Uma ocasião tinha eu ido...
- Mas então está bem certo que era a Margarida a que...
- Ora se era! Pois eu não conheço a Margaridita? Ainda o pai era vivo, quando eu, indo com ele um dia a uma patuscada... que nós dávamo-nos muito; aí está que, faz pelo S. Martinho doze anos.