As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 42: XLII Pág. 331 / 332

A Margarida vai ser feliz - olhe.

Joana olhou e compreendeu tudo.

- Ora, sim, senhor; teve juízo uma vez aquela cabeça - disse ela, referindo-se a Daniel, de quem se aproximou, e depois em tom de familiaridade perguntou-lhe: - E então a tal senhora que havia de mandar vir da cidade, de vestido a arrastar e não sei que mais?

Olhe que esta não tem os cem mil cruzados que queria.

- Mas não vale mais que todas as outras, Joana?

- Ora, boa pergunta! A falar a verdade, não a merecia muito, não.

E, afastando-se um pouco de Daniel e Margarida, pôs-se Joana a olhar para eles ambos, com ar de contentamento - dizendo depois em voz alta:

- Não que parece que foram mesmo talhadinhos um para o outro.

Os três velhos e Pedro, Clara e Daniel riram da observação de Joana; Margarida sorriu também, mas corando.

E a saúde projectada entre o reitor, João Semana, e José das Dornas, fez-se conforme o estilo, tomando também parte nela Joana, cujo toast não foi o menos eloquente.

- Nunca fiz um casamento com tanta vontade! - disse o padre, esfregando as mãos.

- E fica tudo numa família - observou José das Dornas, todo satisfeito.

- Isso é que é o diabo; se as duas me dão agora as avenças de uma só! - resmungou João Semana, de maneira que todos ouvissem, fingindo-se apreensivo com isto.

José das Dornas, conquanto bem conhecesse que era aquilo um gracejo do cirurgião, assegurou-o que as avenças redobrariam.

Pedro, achando-se perto de Daniel, abraçou-o com expansão de alegria.

- Ou a noite de antes de ontem, ou o dia de hoje, irmão - dizia ele, quase lagrimejando.

- Agora sim! - exclamou o reitor, vendo aqueles contentamentos.

- Agora, quando Deus me chamar a si, posso dar contas limpas aos pais destas raparigas.





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