Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 28: CAPÍTULO XXVIII - ENFIM...

Página 173
Se não fosse eu, a menina não tinha quem levasse cartas e recados ao Sr. Doutor, não é verdade?

- Foi ele que te deu o retrato? - perguntou com sobressalto Ricardina. - Não lhe pudeste salvar a vida?

- Lá vamos. Primeiro quero que me perdoe andar eu com cartinhas vai e cartinhas vão.

- Sim, meu amigo... - respondeu ela, embargada pelos soluços - , tu eras o nosso anjo bom... Pergunta aos meus filhos o que eu tenho dito de ti, Norberto... Se tu pudesses defendê-lo, Bernardo não seria morto... Nunca perguntaste por mim?

- Perguntei ao Sr. Abade, e ele disse-me: “Essa mulher morreu.” E vai a fidalga não tinha morrido, e eu há vinte e quatro anos a pensar que vossa Senhoria estava no Céu. E ela aqui está! A minha menina está aqui diante dos meus olhos! Eu estou acordado - dizia ele esfregando as pálpebras - , é ela que eu vejo, sem dúvida de casta nenhuma! Ora agora, há de perdoar-me de eu ser um bruto que me fiei no seu pai. Ele disse-me “morreu” e eu fui para Espanha, e... fui dizer... que vossa senhoria tinha morrido... mas a quem? A quem? Veja lá se pode adivinhar.

- A quem foi? - perguntou Ricardina espantada, e ainda suspeitosa do tresvario do velho.

- Ora eu lhe conto... Ó Sr. Alexandre, Vossa Senhoria faz favor de contar a sua mãe o que eu lhe disse? Acho-me cá por dentro atrapalhado... Pensei que podia falar e não posso... Olhe, olhe as bagadas a cair-me nas barbas...

D. Ricardina olhava para o filho.

- Que é? - perguntava a viscondessa ao marido.

- Falo eu, Sr. Norberto?

- Fale Vossa Senhoria, que eu estou afogado aqui na garganta... Bem vê...

- Minha mãe - disse Alexandre, sentando-se no sofá rente com ela e cingindo-lhe o braço pela cintura: - tem ouvido dizer que a felicidade mata mais fulminantemente que a desgraça?

- Pois que é?

- É que a minha mãe tem obrigação de resistir ao choque das alegrias como resistiu às maiores desditas que ainda sofreu mulher alguma.

<< Página Anterior

pág. 173 (Capítulo 28)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 173

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177