Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 15: CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE

Página 95

- Se os prenderem - continuou o padre - , o Governo do Sr. D. Miguel há de saber pagar o serviço que fazem à moral pública, ao trono e ao altar. Os que tiverem crimes serão perdoados, que lho prometo eu, e além de perdoados eu os gratificarei liberalmente.

- Está dito - ulularam os beneméritos das prometidas graças e mercês.

- Nesse caso vão cear, e armem-se.

Retiraram para a cozinha, afora Norberto Calvo, que ficou, obrigado por um aceno que lhe fez o amo.

- Rapaz! - disse-lhe o abade, pondo-lhe a mão no ombro - , entrego-te o comando desta gente. O que ontem dissemos a respeito do Bernardo, torno a repetir-to. Lá tu, como coisa tua, diz aos de Midões que lhe atirem a segurar. O Frazão e o Torto já sabem que a minha vontade é essa. Confio de ti o bom resultado da empresa. Vocês são onze: e eles, além de não serem tantos, nem têm armas nem estão prevenidos. Vai à adega, e distribui aguardente pelos homens, para que vão bem quentes.

- Não é preciso mais nada, fidalgo?

- Mais nada.

- E se os homens quiserem roubar a casa?... Vossa Senhoria bem sabe que tudo isto são ladrões de estrada.

- Deixa-os lá: não te importes com isso. Eu não quero saber lá do que eles fazem.

- Mas, enfim, como por aí os têm visto cá em casa de vossa Senhoria... é mau que eles roubem.

- Lembraste bem, homem! O ódio até me cega que não vejo senão a minha vingança... O que eu quero é o sangue do canalha que me roubou a filha do convento e ma reduziu à sua vil condição, entendes?

- Sim, senhor.

- Vê se tens mão dos homens, caso eles queiram roubar.

- Farei o que puder - concluiu Norberto.

Enquanto os da malta ceavam e segredavam entre si uma visita à burra dos Monizes, que eles traziam desde muito de olho, Norberto,

<< Página Anterior

pág. 95 (Capítulo 15)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 95

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177